Logo na primeira semana de novembro, no dia 04/11/2025, o Banco Central anunciou o desligamento da plataforma que sustentava o Drex, a versão digital do real brasileiro.
O Drex é um projeto que visa fomentar a digitalização financeira do país, com uma moeda digital emitida e controlada pelo próprio Banco Central.
Diferentemente das criptomoedas, o Drex é uma CBDC (Moeda Digital de Banco Central): uma representação eletrônica e equivalente ao real. Assim, 1 Drex corresponderia exatamente a R$ 1,00.
A decisão do Banco Central marcou, definitivamente, o término do ciclo da fase piloto (termo relacionado a uma etapa de testes controlados para avaliar uma nova tecnologia), construída a partir da tecnologia blockchain, marcando o início de uma nova etapa, entretanto, sem a arquitetura utilizada anteriormente desde 2021.
Embora exista a interpretação da notícia como o fim do Drex por grande parte do público, fontes próximas ao regulador afirmam, por outro lado, que o projeto não acabou. Nesse cenário, o que ocorreu foi um replanejamento, uma mudança no rumo após o Banco Central concluir que a tecnologia escolhida para sustentar a iniciativa não atendia aos requisitos de segurança, privacidade e escalabilidade.
A seguir, a PagHiper mostrará, de forma simples, o que motivou a decisão e quais são os aprendizados deixados por um dos pilotos de inovação mais ambiciosos já conduzidos pelo sistema financeiro brasileiro.
Boa leitura!
Por que o Banco Central desligou a plataforma do Drex
O Banco Central decidiu descontinuar a rede Hyperledger Besu, a plataforma blockchain escolhida e utilizada nas fases 1 e 2 do piloto da Drex.
Resumidamente, blockchain é uma tecnologia que funciona como um livro de registros, só que digital. Todas as transações são anotadas de forma organizada, segura e impossível de alterar. Cada nova informação é registrada em um bloco (block) e cada bloco é interligado ao anterior, formando uma corrente (chain). Daí surge o nome: blockchain.
Apesar da tecnologia escolhida ter fornecido importantes avanços durante os testes, problemas de privacidade e limitações técnicas impediram o avanço para a reprodução em escala nacional.
Em reunião com os consórcios participantes, o Banco Central teria informado que:
👉 A plataforma atual será desligada por completo;
👉 A fase 3 do projeto tem início previsto para 2026;
👉 Uma nova tecnologia será definida para suportar o próximo ciclo de testes.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, afirmou publicamente que, após quatro anos de experimentação, a arquitetura estudada não se revelou viável e que existem outras formas de realizar transações digitais seguras sem depender do modelo blockchain utilizado no piloto.
Tecnologia inviável, aprendizado valioso
Apesar da recusa do Banco Central à tecnologia estudada para o Drex, o piloto deixou ótimas contribuições ao projeto.
Durante os testes, instituições financeiras tiveram de operar em um ambiente programável, com regras automáticas e registros auditáveis, o que gerou familiarização com conceitos como:
👉 Liquidação atômica;
👉 Auditoria contínua;
👉 Rastreamento granular de informações;
👉 Programabilidade de ativos;
👉 Composabilidade entre sistemas.
Os termos supracitados são aprendizados que aceleram a maturidade do mercado. Mostram, na prática, onde a transparência e a imutabilidade da blockchain agregam ou não valor ao sistema financeiro planejado.
O que vem agora
Com o desligamento da Hyperledger Besu, o Banco Central não desligou o Drex. Agora, o projeto entra em uma espécie de reset técnico. É como desmontar uma obra que ficou pela metade para reconstruí-la com materiais mais adequados.
A fase 3 do Drex está prevista para 2026 e estará concentrada sobretudo em empréstimos garantidos por ativos tokenizados. O objetivo, portanto, é permitir que bens do mundo real funcionem como garantias digitais.
Para tanto, o Banco Central selecionará uma nova base tecnológica, possivelmente mais flexível e com mais camadas de segurança e privacidade. O que se sabe é que a instituição busca por uma solução que resolva o problema central: permitir transações auditáveis, mas sem expor informações sensíveis, o que exige uma engenharia mais sofisticada de criptografia dos dados.
Por que isso importa
A interrupção da blockchain não derruba o projeto, porque o Drex nunca foi somente a tecnologia escolhida. É um modelo de integração, uma visão de futuro para o sistema financeiro brasileiro. O piloto mostrou o que funciona, o que não funciona e, principalmente, o que deve ser feito para escalar.
O Drex, portanto, não morreu: só está mudando o esqueleto. E, quando voltar, em 2026, deve vir mais maduro, mais eficiente e muito mais alinhado ao que o Banco Central precisa.
Acompanhar essas mudanças é essencial para entender o futuro dos pagamentos e do avanço dos ativos digitais no Brasil. E a PagHiper continuará trazendo as notícias e conteúdos atualizados para você ficar por dentro de tudo o que importa.
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